quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Sonhos de uma noite de natal.

Todos sentados ao redor de uma mesa, e ela ali, largada na rede estendida na varanda, a olhar o céu, tentando caçar estrelas em meio a escuridão da cidade, tudo que via eram luzes de aviões repletos de pessoas ansiosas por chegar ou partir. A cada minuto os barulhos aumentavam na sala de jantar, cada vez mais seres se juntavam à ceia, cada um portando sua máscara e um prato, difici dizer em qual dos rostos não se via estampado um sorriso falso, todos eram assim, a mesma mascara fora tirada do guarda -roupa servindo perfeitamente àquela ocasião.
E ela só permanecia, o vai e vem da rede a balançar seu corpo, os olhos a percorrer o céu, não havia mascara alguma em sua face, ela era apenas ela. Seus olhos foram se perdendo em meio a sua caça, logo estava em outro lugar.
Coberta de neve dos pés a cabeça ela caminhava sem rumo, não sentia frio, não sentia calor, apenas sentia seu coração. Caminhou longos minutos quando encontrou uma caixa no chão em meio a neve, abaixou-se, suas mãos nuas tocaram delicadamente a neve da tampa, não era fria, não era quente, apenas existia, seus dedos espantaram a neve em um só toque, agora era possivel ver a trava que mantinha a caixa fechada, os dedos firmes da garota a puxou para cima, revelando uma bailarina que dançava tristemente, abaixo dela um papel de aspecto velho se encontrava, ela o pegou e abriu calmamente, as palavras ditas eram simples...

" Não há valor no mundo que supere o que existe em amar alguem e ser amada por este alguem"

Como se a tinta se fizesse água, foi absorvida lentamente pelos dedos da garota, cada palavra passava do papel a sua pele em poucos instantes, em pouco tempo as palavras faziam parte dela.
Longe dali a garota despertou de seu breve sono, as palavras do papel permaneciam marcadas em sua pele, eternamente marcadas. Ela começava a sonhar novamente quando foi despertada por um toque, uma mão quente em sua face fria, lábios delicados sobre seus labios a faziam ver aquele ser unico, tambem sem sua mascara, apenas com sua verdadeira face a mostrar, a cada toque dele uma certeza se aquecia, as palavras em sua pele não eram apenas palavras, eram naquele momento o sentido de viver daqueles dois seres, que sem ter opção vestiram suas mascaras e aguardaram pacientemente o final da festa de natal, para que a sós pudessem em fim se amar e serem amados.

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